Ser complexo


Que complexidade é essa que define o ser humano e que os confundem tanto, traduzida nesta dualidade de desejos e sentimentos que os alimentam em busca de algo grandioso que se chama “felicidade”?

Dizem que os olhos falam muito dos sentimentos de uma pessoa, mesmo que em igual momento, possa se negar muito com os lábios. Que necessidade é essa que nos faz pensar que um olhar seja capaz de dizer tudo? O que nos garante que ele não esconde mais do que revela?

Muitas vezes, sentimos aquela vontade faminta, pois que nos consome, de sabermos com ênfase em cada importante palavra, o que se torna real diante das revelações de um ser corajoso o suficiente para se apresentar diante da vida, sem o temor da morte...da morte do amor, da esperança, da expectativa muitas vezes exageradamente sentimental, posto que somos seres por natureza, dependentes de carinho e atenção.

Cada atitude duvidosa, cada palavra escondida que se materializa em meio a um suspiro a ponto de quase conseguirmos ler, interpretar as intenções que se escondem por trás daquele sufocante nó que se sente no peito, nos dá a falsa e acalentadora sensação de que finalmente sabemos o que está sendo dito, nos fazendo esquecer que nem sempre é o mesmo que está sendo sentido. Em momentos assim se perecebe a complexidade de ser simples.

Sonhamos com tantas coisas, lutamos por elas, mas o cansaço as vezes parece em algum momento QUASE nos vencer. Precisamos mesmo começar a nos olhar “por outro ângulo”. Esperamos sempre algo de todos que nos rodeiam. Dizemos que não! Mentira! A complexidade humana nos leva muitas vezes por um caminho, onde só conseguimos enxergar uma única mão (direção), porém quando essa via tem mão dupla, não percebemos que aquilo que nos aflige, nos incomoda, ignoramos de certa forma, é muitas vezes, aquilo que temos em nós mesmos ou exatamente aquilo que damos aos outros e que parece tão duro quando vêm em nossa direção.

Objetividade confundida com grosseria, carinho que confundem amizades, paixões sufocadas, erros dos outros que muitas vezes parecem acertos quando são nossos.

Como posso ser, enquanto humano, portanto passivo de erros, falhas...tão exigente com aqueles que conquisto e que fazem de mim um ser conquistado? Como posso de forma tão intransigente, esperar que os outros sejam exatamente como acho que deveriam, se o que eles esperam de mim me incomoda tanto?

Como posso me julgar tão objetivo se tantas vezes sou capaz de esquecer que o significado da palavra “objetividade” vem acompanhada de “qualidade”...a qualidade dos sentimentos, atos, intenções, a qualidade da aceitação, e que para tal, preciso começar por mim mesmo?

Ser complexo, é ser “humano’...ser “humano”, ainda é buscar a aceitação da minha objetividade mesmo que não consiga aceitar nos outros. Gosto das coisas claras, ainda que não tenha a menor intenção de esclarecer nada.


Gil Façanha

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