Restou a poesia (dodecassílabo com rimas diagonais)




Nas fantasias que vivi em meu silêncio,
num tal suplício da distância que matava...
E suplicava minha alma teu alento,
vi-me sedento desse amor tão esperado.

Redescobri o meu diário, abri meu peito
E do meu jeito, recriei a minha história.
A ilusória alegria mora em meus versos,
Incontroversos sentimentos aleivosos.

Mas ao tocar-te finalmente, oh, quimera,
ai quem me dera ser real o que sonhara.
Já desenhara mais mil vezes tua imagem,
pura miragem, sem saber o que seria.

Compreendi que desejei o impossível,
tão definível emoção me ofertara...
só cobiçara minha pele, meu desejo,
e no ensejo despertou-me desencantos.

Daquela noite, só restou em nova aurora...
Sonoras letras de um adeus tão eloquente,
que claramente vi teu eu mais verdadeiro,
pois traiçoeiro, são teus lábios mentirosos.

Extasiada nessas rimas, vivo agora,
embora sofra uma amargura lancinante,
sigo adiante, o meu amor vou transformando,
e suplantando toda dor na poesia.


Gil Façanha

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