No mínimo estranho


 

Depois de te banir aos meus abismos,
insurges insidioso feito fumaça a escalar essas
profundezas as quais com tanto pesar te condenei.
Inundei teu fogo com lágrimas, cortei tuas asas...
Foste anjo caído dentro de mim, condenei-te a não ser nada.
Lembro-me bem... chorei ao fazer do meu peito teu próprio sepulcro
onde lá escrevi: Jaz aqui um amor ateu.
Sepultei minha fé em nós.
Domina-me a estranheza dos teus passos,

a dualidade do teu olhar, a incógnita que se tornou teu sorriso...
Justo eu que um dia julguei te conhecer tão bem!
Resisto a tentação das suposições apressadas,
ardem na pele minhas próprias interrogações.
Não sei o que desejas ou mesmo se desejas algo, mas admito:
É no mínimo estranho que ressurjas assim das profundezas de mim.



Gil Façanha

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